sábado, 9 de fevereiro de 2008

A liberdade que animou Vieira

Foi a causa da liberdade, “este sentido de consciência crítica ao serviço do bem comum, que animou Vieira contra as animosidades do Estado e da própria Inquisição” – afirmou D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, no colóquio «Padre António Vieira – os mesmo desafios quatro séculos depois», realizado hoje, no Auditório do Colégio de S. João de Brito, em Lisboa.

Num painel sobre «O Serviço da Fé», o bispo auxiliar de Lisboa dividiu a sua conferência em três pontos: “Uma profunda espiritualidade – a fidelidade à Palavra de Deus”; “A coerência da acção - uma determinação política na defesa da justiça” e “A qualidade dos modos: a beleza das formas”. Na celebração da efeméride dos 400 anos de nascimento deste jesuíta, D. Carlos Azevedo sublinhou que “o cristão no poder, exercido no Estado ou na hierarquia da Igreja, é chamado a respeitar a liberdade dos outros e a colocar a sua ao serviço dos mais fracos e pobres”. E acrescenta: “O cristão tem um modo de dar significado à sua liberdade, alheio assim a qualquer corrupção, porque se oferece em serviço”.

Em relação ao actual afastamento da política e a crise da participação cívica, D. Carlos Azevedo realça que “as acusações de que todos os poderosos procuram os seus interesses, de que são todos iguais, os exemplos de corrupção, de terrorismo de Estado, do tráfico de influências, acabam por conduzir a aceitar passivamente a normalidade do imoral”.

Ao falar do lado estético do Pe. António Vieira, o conferencista salienta que “Vieira não serviu apenas a Palavra fazendo-a incidir com vivacidade sobre as situações reais do seu tempo, não só se disponibilizou para dar passos políticos no sentido da relação e do respeito entre povos e culturas, mas aliou a este serviço da fé uma graça, um encanto formal que é lição permanente para hoje”. E finaliza: “a sua persuasão não seria tão fecunda sem o entusiasmo estético. O estilo não obscurecia a mensagem. Oferecia-lhe limpidez de enlevo, sedutor das mentes, graças ao fulgor da inteligência, comunicada em arquitectura sonora”.

( Luís Filipe Santos na Agência Ecclesia)

Sem comentários: