quarta-feira, 30 de abril de 2008

"A escrita do tempo de Vieira"

A partir do dia 6 de Maio, está patente no Museu Municipal da Ribeira Grande, uma exposição documental sobre “A escrita do tempo de Vieira”, promovida pela Câmara Municipal e inserida nas comemorações do ano vieirino.A exposição gira em torno da caligrafia do tempo do Padre António Vieira, com documentos originais do Arquivo Municipal da Ribeira Grande, que ilustram a forma de escrita do século XVII. Para além disso, faz parte da exposição a mostra de livros que falam sobre a vida e obra do Padre António Vieira, que foi um pensador, ensaísta, pregador, defensor dos direitos dos cristão-novo e dos índios do Brasil, consultor real e diplomata. Foi muito polémico na sua época, tendo sido detido pela inquisição.

A exposição está aberta no horário normal do museu, de segunda a sexta-feira, entre as 08h30 e as 17h30.

AZORESDIGITAL 30.4.08

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Ano Vieirino em Ponta Delgada

O descerramento de uma placa toponímica, uma sessão solene evocativa, na Câmara Municipal, com uma conferência, o lançamento de uma publicação e um sarau cultural, concretizam, em Ponta Delgada, a primeira iniciativa açoriana das comemorações do “Ano Vieirino”.

Este conjunto de iniciativas terão lugar já no próximo dia 30 de Abril, em resultado de um protocolo assinado, no passado mês, entre a Câmara Municipal de Ponta Delgada, a Comissão Nacional para as Comemorações do Ano Vieirino, com vista a assinalar o IV Centenário do nascimento do Padre António Vieira.

O programa de 30 de Abril prevê o descerramento da placa toponímica “Rua Padre António Vieira”, na freguesia de Arrifes, a designar a via onde está instalada a “Urbanização da Piedade”, a norte da Rua Cardeal Humberto Medeiros.

Esta inauguração de nova toponímia terá lugar às 18h00 e terá como orador convidado o Presidente da Comissão Organizadora 2008 do Ano Vieirino, Professor Doutor Manuel Cândido Pimentel.

Às 21h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Ponta Delgada, terá início uma sessão solene evocativa do Ano Vieirino, em que intervirão a Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e o Presidente da Comissão Organizadora do Ano Vieirino.

A evocação ao IV Centenário do nascimento do Padre António Vieira prossegue com uma conferência de Professora Doutora Maria do Céu Fraga, da Universidade dos Açores, subordinada ao tema “O Padre António Vieira nos Açores. Os desígnios da providência”.

Às 21h45 será lançado o Tomo I da Edição Nacional Crítica dos Sermões do Padre António Vieira (Edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda e CEFI (Centro de Estudos de Filosofia). A apresentação desta publicação será feita pelo Professor Doutor José Luís Brandão da Luz, Vice-Reitor da Universidade dos Açores, bem como pelo Professor Doutor responsável Arnaldo do Espírito Santo, Presidente da Comissão Científica 2008 do Ano Vieirino e Coordenador Científico dos Sermões do Padre António Vieira.

A finalizar a sessão solene, haverá um Sarau musical, que terá lugar pelas 22h15 com a pianista Ana Paula Andrade e a soprano Cármen Subica.A ligação da Câmara Municipal de Ponta Delgada às comemorações do Ano Vieirino honra a passagem do Padre António Vieira pelos Açores, designadamente, pela ilha de São Miguel, onde fez na igreja do Colégio, a sua primeira pregação com um sermão que, segundo fontes autorizadas, nunca chegou a ser escrito.

Refira-se que António Vieira chegou, acidentalmente, aos Açores, em 1654, quando o navio em que seguia, entre o Brasil e Lisboa, naufragou, tendo aqui ficado a pregar.Para além da iniciativa do próximo dia 30, as entidades açorianas que se associam às comemorações vieirinas – Câmara Municipal de Ponta Delgada, Universidade dos Açores e a Comissão Nacional para as Comemorações do Ano Vieirino – estão a organizar uma exposição de pintura, a protagonizar por vários artistas plásticos açorianos, que irão pintar quadros alusivos a excertos dos sermões do Padre António Vieira, para serem expostos no último trimestre de 2008. Esta exposição será mostrada inicialmente nos Açores com o objectivo de percorrer vários pontos do país.

Memorial da America Latina comemora Vieira

O Memorial da América Latina, em parceria com o Centro de Estudos Fernando Pessoa, realiza, nos dias 22, 23 e 24 de abril, o Colóquio 400 anos de Padre Antônio Vieira, "Imperador da Língua Portuguesa". Entre os palestrantes estão o advogado e professor Ives Gandra e o escritor Antonio Machado. A entrada é franca.

A abertura, no dia 22, será realizada na Biblioteca do Memorial da América Latina. No dia 23, as palestras acontecerão no Anexo dos Congressistas do mesmo Memorial e, no dia 24, o colóquio terá lugar na Casa de Portugal.

Para dar mais destaque à versatilidade que distinguiu Vieira ao longo da História, os conferencistas convidados abordarão a vida e a obra do padre sob as mais diversas perspectivas, de acordo com suas profissões e experiência de contato com a literatura do autor. De pesquisadores e ensaístas a arquitetos e advogados, todos têm em sua alma um pouco de Vieira para contar e muito a transmitir às novas gerações.

Nascido em Lisboa no dia 6 de Fevereiro de 1608, o Padre Antônio Vieira veio para o Brasil aos seis anos, onde estudou e missionou durante a maior parte da sua vida; escreveu cerca de 200 sermões e mais de 500 cartas, e sua obra foi tão significativa quanto sua vida.

Antônio Vieira destacou-se, não somente como literato, mas também no campo da política e economia. Era um homem à frente de seu tempo, defendeu o direito dos "cristãos-novos" (judeus que eram obrigados a adotar a religião católica para fugir da inquisição) de permanecer em terras portuguesas numa época marcada pela intolerância. Acreditava que Portugal só tinha a ganhar economicamente com os investimentos financeiros dessa classe perseguida. Era também contra a escravização indígena.

Fernando Pessoa refere-se a ele em seu livro "Mensagem" como o "Imperador da Língua Portuguesa". Sua obra tem como característica marcante jogo de conceitos/idéias por meio do uso do raciocínio lógico e da retórica aprimorada. É tido como modelo de prosador e orador até os dias de hoje. Dentre os sermões de destaque temos: "Sermão de Santo Antônio" e "Sermão pelo Bom Sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda". Padre Antônio Vieira morreu aos 89 anos, na Bahia.

Colóquio 400 anos de Padre Antônio Vieira, "Imperador da Língua Portuguesa"

Dia 22 de Abril (terça-feira) – Abertura
Memorial da América Latina – Biblioteca Latino-Americana Victor Civita

19 h Mesa de Abertura
Dr. Fernando Leça (Diretor Presidente da Fundação Memorial da América Latina)
Prof. João Alves das Neves (Presidente do Centro de Estudos Fernando Pessoa)

20h Conferência
Tereza Rita Lopes (Escritora e professora da Universidade Nova de Lisboa): "Vieira e Pessoa"

21h Leitura Dramática de Textos Vieirianos
Carlos Carranca (Professor da Escola Superior de Teatro, Portugal)


Dia 23 de Abril (quarta-feira) – Colóquio
Memorial da América Latina – Anexo dos Congressistas

9h às 10h Conferências: Padre Vieira do Brasil
Regina Anacleto (Professora - Universidade de Coimbra): "A Arte no Tempo de Vieira"
Hernâni Donato (Historiador e professor universitário): "Vieira, o Crente"

10h Intervalo

10:15h às 12:30h Conferências: Recepções de Vieira
José Eduardo Franco (Professor - Universidade Lusófona, Lisboa): "A Mulher nos sermões de Vieira"
Carlos Francisco Moura (Escritor e arquiteto – Real Gabinete Português de Leitura): "Vieira Viajante, Navegante, Naufragante"
Eduardo Navarro (Professor Literatura Brasileira - FFLCH / USP): "A Idéia da Inconstância da Alma Selvagem no Sermão do Espírito Santo"

12:30h Almoço

14h às 16h Conferências: Vieira, o dono da História
Maria Beatriz Rocha-Trindade (Escritora e professora - Universidade Aberta de Lisboa): "O Saudosismo na Literatura Portuguesa"
Raul Francisco Moura (Escritor e museólogo, Rio de Janeiro): "Três Antónios Lisboetas"
Teodoro Koracakis (Professor - Universidade Estadual do Rio de Janeiro): "A Relevância do Sermão da Quadragésima para o Estágio Atual dos Estudos Literários"
Antonio Lopes Machado (Escritor): "O Padre Vieira, Protetor dos Índios e Africanos"

16h Intervalo

16:15 às 18:15 Conferências: Vieira de mil faces
Paulo de Assunção (Professor Titular - USJT/ Unifai/ Inicapital e FAENAC): "O Pensamento Econômico do Padre Antonio Vieira"
Beatriz Alcântara (Professora - Universidade Estadual do Ceará): "Vieira – o Quinto Império e o Saudosismo"
Odete da Conceição Dias (Professora - Universidade Ibirapuera): "Iconografia Vieiriana"

Dia 24 de abril (quinta-feira) – Colóquio e Encontro Cultural de Língua Portuguesa
Casa de Portugal

9h às 12h Comunicações: Recepções Lusófonas no século XX - I
Marcia Arruda Franco (Professora DLCV – Literatura Portuguesa da FFLCH / USP): "Duas Cantigas em Movência"
Flavio Vichinski (Professor e mestrando FFLCH /USP): "Saramago, Leitor de Camões"
Anísio Justino da Silva Filho (Teólogo, professor e mestrando da FFLCH / USP): "A Defesa e a Ilustração da Língua Portuguesa nos Gramáticos e em Antonio Ferreira"
Vera Helena Amatti (Jornalista e mestranda da FFLCH /USP): "A Construção do Sermonista no jovem 'repórter' Antônio Vieira"

12h Almoço

14h às 16h Comunicações: Recepções Lusófonas no século XX - II
Luiz Antônio Lindo (Professor de Filologia Românica da FFLCH / USP): "Caminho e caminharei a passos duros, pensando"
Rita de Cássia Alves (Escritora e ensaísta): "Presença da Saudade na Alma Portuguesa: Vieira e Pessoa"
Cristiane Prando Martini Simeoni (Professora e mestranda (Letras) da FFLCH / USP) "A Desconstrução do Eu em Fernando Pessoa"

Intervalo

16:15h às 18:15h Comunicações: Estudos Lusófonos
Ives Gandra Martins (Escritor e Professor Emérito da Universidade Mackenzie): "A Presença de Vieira no Maranhão e a Integração Futura de uma Nação com a Vinda da Corte Portuguesa"
Carlos Carranca (Professor da Escola Superior de Teatro, Portugal): "O Iberismo: Torga, Unamuno, e a visão da América Latina"
Dalila Teles Veras (Escritora) "A Obra de Joaquim de Montezuma de Carvalho"


Teodoro Antunes Mendes Tamen (Poeta e pesquisador): "O Padre Antônio Vieira e o Sonho do Quinto Império".



Apoio Cultural:

Fundação Calouste Gulbenkian
Biblioteca Nacional de Portugal
Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência
Casa de Portugal de São Paulo
Viagens Numatur
Banco Banif

Serviço:
Colóquio 400 anos de Padre Antônio Vieira, "Imperador da Língua Portuguesa"
Data: de 22 a 24 de abril
Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo - SP
Tel. (11) 3823-4605
Entrada franca
Inscrições pelo site http://www.memorial.sp.gov.br/
Mais informações: (11) 3823-4780 ou cursos@memorial.sp.gov.br

Casa de Portugal (dia 24/02)
Av. da Liberdade, 602. Tel: (11) 3209-5554

Assessoria de Comunicação: (11) 3823-4605

terça-feira, 8 de abril de 2008

Prémio de Dramaturgia

Armando Nascimento Rosa recebeu o prémio Albufeira de Literatura 2008 – Dramaturgia pela obra “O último sermão de António Vieira”. A cerimónia decorreu no passado sábado, 5 de Abril.

Armando Rosa nasceu em 1966 em Évora. Escreve teatro e não “para teatro”, como costuma dizer, desde há 20 anos. Lecciona na Escola Superior de Teatro e Cinema. São muitos já os êxitos somados. Os seus ensaios, nomeadamente sobre Beckett e António Patrício, são textos de elevada referência não só no panorama intelectual do País como no estrangeiro. No que refere as obras teatrais, o autor conta com cerca de 20 títulos. Refira-se, o Prémio Albufeira de Literatura é atribuído nos anos pares a obras de Dramaturgia e nos ímpares a Narrativa, sendo que no caso das obras de teatro o valor é de 5100 euros e no caso da Narrativa, de 10 mil euros. Conta com os patrocínios da Caixa de Crédito Agrícola – Albufeira e do Petchey Leisure Group. Receberam já este prémio os escritores Hugo Santos, Jorge Paulo, Rui Costa e, agora, Armando Nascimento Rosa. Após a entrega do Prémio Albufeira de Literatura 2008 decorreu a cerimónia de lançamento da obra vencedora da edição do ano passado, o romance “A resistência dos materiais”, de Rui Costa.

REGIÃO SUL 8.4.2008

domingo, 6 de abril de 2008

Vieira - Um grande mestre a descobrir

POR JOSÉ JORGE PERALTA*

1. Um Patriarca da Lusofonia

Vieira foi um homem admirável pelo caráter, pela coragem e pela energia, pela diversidade e profundidade de seus conhecimentos, pelo amor e dedicação à pátria, ao povo e aos bens espirituais, por sua extraordinária atuação política e diplomática e por suas estimulantes utopias.
Vieira foi um grande Patriarca da Civilização Lusófona, pelo mundo espalhada. Sua força matricial vem da tradição humanística e solidária do povo português que tem sua raiz profunda, nos diversos povos que na Lusitânia viveram e se miscigenaram (celtas, fenícios e visigodos, gregos, árabes, hebreus e romanos). O espírito do cristianismo articulou estas culturas e as temperou.

O povo lusitano foi um povo guerreiro e forte que precisou de muita sabedoria e astúcia para sobreviver e prosperar. Esta foi a força matricial que pelo mundo se espalhou e que Vieira propagou. Este é um quadro de referências necessárias para poder vivenciar toda a força e grandeza que neste homem se manifestou.

Vieira foi um dos maiores homens de toda a história do Brasil e também de Portugal de todos os tempos. Iluminou o século XVII com grande esplendor. Produziu uma obra para sempre, ultrapassando os limites do tempo e do espaço. É um clássico. É um patrimônio da humanidade.
Foi grande como orador vibrante, arrebatador e consistente; foi grande como escritor, como filósofo e como pensador; foi grande como gestor eclesiástico e político; foi grande como conselheiro, como diplomata, como articulador e como estrategista; foi grande como “historiador”, como agente e como observador da história; foi grande teólogo, exegeta e biblista; foi grande nas suas impressionantes e instigantes utopias; foi grande e implacável contra as injustiças sociais e contra toda a discriminação, por motivos étnicos ou de religião; foi um grande escritor e um grande artista; foi o homem da esperança, de pensamento e ação; foi grande humanista na sua luta pelos valores humanos e cristãos, pelos valores éticos e pelos valores espirituais; (foi um defensor dos direitos humanos, defendendo o respeito à dignidade humana dos índios, dos negros e dos brancos espoliados e dos judeus perseguidos); foi um patriota, lutando pela consolidação da independência de seu país e pela manutenção da unidade no Brasil, na guerra contra os invasores estrangeiros; foi um universalista lutando pela harmonia entre os povos e pela paz. Queria um mundo onde todos os povos se confraternizassem; queria o reino de Cristo na terra implantado.

Dizer que Vieira foi um orador monumental, um dos maiores de todos os tempos, embora seja muito, é muito pouco para sua atuação múltipla. Foi muito grande como orador e como escritor, mas foi maior ainda em sua atuação sócio - política e estratégia.

Vieira produziu uma obra múltipla, indispensável no nosso tesouro cultural. Aliou a teoria à prática. Nunca foi um homem de gabinete.

Vieira é mais conhecido por seus magistrais Sermões. Mas sua atuação político - social é ainda de maiores dimensões. Participou de alguns dos mais brilhantes momentos da história do Brasil, de Portugal e do mundo.

Além de todas as grandezas, Vieira é um mestre de nossa estirpe humana e cultural e é um homem universal. É um homem da estirpe dos gigantes. Viveu sempre com os pés firmes no chão ainda quando tratava das coisas do Alto, até mesmo quando se envolvia com suas geniais utopias.
Como Homero, Dante, Camões, Shakespeare, Goethe, Pessoa, Yung e tantos outros homens da elite moral e intelectual, Vieira pertence à humanidade que quis aperfeiçoar, livrando-a das opressões, baixezas e limitações. Todos são patrimônios e reservas morais da humanidade.
Vieira é um Atlas, erguendo o mundo em suas mãos.

Vieira é uma das glórias máximas de nossa língua, de nossa cultura e de nossa nação, no âmbito cultural, político e humanístico. Feliz do povo que tem um homem da estirpe espiritual e sócio-cultural de Vieira.

É um ser humano de extraordinário talento, com uma grande missão. Precisamos escutar suas lições.

É uma glória de seu povo e da humanidade.

2. O Preço da Grandeza

Vieira operou dentro de novos paradigmas de civilização. Atuou num cristianismo dinâmico e comprometido com o bem-comum, criativo, inovador, propositivo, afirmativo, transformador. Foi um homem do Evangelho: um autêntico, adepto do cristismo.

Vieira foi grande lutador pela paz entre os povos, pela justiça, pela liberdade e dignidade das pessoas; foi um grande patriota; foi grande pensador. Foi também um grande sofredor, porque encontrou na vida alguns mesquinhos traiçoeiros e interesseiros que colocaram espinhos no seu caminho, como aliás é de se esperar. Ele mesmo dizia que é mais honroso ter inimigos do que não os ter.

Assumiu o papel de guardião de sua pátria e de seu povo que queria ver livres e altaneiros, unidos na fé, na esperança, na liberdade e na prosperidade.

Pagou caro por suas audácias, mas seguiu até o fim com sua missão. Teve gloriosas vitórias e algumas desilusões, como é de praxe para todos os mortais que se projetam além do trivial.
Vieira foi um Mestre hábil, sagaz e sábio em tudo o que fez. Nunca teve vida fácil, mas foi um homem realizado e sempre autêntico e leal. Seus olhos brilhavam, felizes e confiantes em cada projeto que assumia. Seu sol nunca conheceu o poente.

De tudo o que fez e na vida passou, restou a glória de um imortal.

Os sofrimentos e inquietações que passou, hoje são pérolas que lhe ornam a fronte e brilham nos caminhos por onde passou.

Foi um homem incansável, com dedicação integral e irrestrita à sua missão.

Sabia que tinha uma grande missão na terra. Não fugiu nunca de suas responsabilidades. Nada o impedia. Ninguém conseguiu fazê-lo desistir. Tentaram, mas ele prosseguiu até o fim. Queria o reino de Cristo na terra consumado, onde todos se confraternizassem, com a união de todos e as diferenças de cada um, como irmãos que respeitam o mesmo Deus. Este era o tema básico do seu livro “Clavis Prophetarum”. Queria a paz, bem-estar e prosperidade solidária, para todas as pessoas de boa vontade sem distinção.

Vieira foi, talvez, o primeiro cidadão do mundo. Todos os humanos eram seus irmãos. Este era o lema da “Clavis Prophetarum”, que ficou inacabado


3. O Mestre Máximo de Nosso Idioma

Vieira ergueu um imenso, elevado e imortal monumento a Língua Portuguesa, com seus Sermões, Cartas e outras Obras.

Vieira desenvolveu, em grau sublime, as potencialidades estilísticas, semânticas e rítmicas do seu idioma materno. Explorou suas propriedades expressivas, suas delicadezas, sua força tonitruante, suas energias vitais, seu potencial de comunicação e de expressão, sua poesia. Dominou as mais profundas sutilezas de seu idioma.

A obra de Vieira é um dos mais ricos tesouros de nossa língua.

É um dos pilares centrais de nossa língua, de nossa cultura e de nossa nação, da lusofonia.


4. Monumento à Língua Portuguesa

Se quisermos erguer um monumento à Língua Portuguesa, teremos de colocar, lá no alto, Vieira com seus Sermões na mão e Camões à sua direita, com os Lusíadas, seguidos de uma plêiade de escritores de escol, de grande mérito: os Mestres e Guardiões de nossa língua portuguesa, de nosso pensamento e de nossa cultura.

Entre os escritores de escol estarão, entre muitos outros, os mestres Machado de Assis, Rui Barbosa, Fernando Pessoa, Bernardes, Eça de Queirós, Almeida Garret, Gonçalves Dias, etc, etc. Alguém precisa completar a lista, que pode conter 30 mestres geniais, ou 50, ou 100. Não será fácil fazer tal seleção pelo alto contingente dos candidatos. É possível, mas sem unanimidade, logicamente. O que é essencial é que na lista constem nomes de toda a lusofonia em todos os continentes sediados.

Não foi sem razão que Fernando Pessoa nomeou Vieira como “Imperador da Língua Portuguesa”.

Vieira, ele só é um monumento, pela grandeza de sua obra e de seu caráter, por sua dignidade humana, por sua atuação na transformação social, por seu espírito empreendedor, por sua fé, por sua arte e por suas sublimes ousadias, pela esperança e solidariedade que de sua obra irradiam.
Não queremos abordar aqui o Vieira total. Cada qual busque em Vieira o que mais lhe fala e mais lhe convém. Vieira é inesgotável, como outros luminares que a humanidade produziu, através dos séculos.


5. Gravações a Ouro em Granito

A sociedade ainda não gravou a ouro, em granito, sua gratidão para com este homem tão especial.

O Brasil ainda não lhe fez justiça, à altura de seus méritos. Portugal também não.

Fernando Pessoa procurou fazer-lhe justiça, em diversos escritos. Roma lhe fez alguma justiça pelas mãos da Rainha Cristina da Suécia, ao coroá-lo de louros dourados, após uma conferência magnífica e magistral. Também o Papa Clemente X lhe fez justiça ao libertá-lo da Inquisição. Os cardeais, os bispos, as autoridades e o povo de Roma acorriam a ouvi-lo e aplaudi-lo.
Muitos ainda nem sabem que a farsa da Inquisição foi desmascarada e que ele foi absolvido de todas as acusações... Outros até repetem tais farsas, como se fossem verdadeiras (?!). Não sabem que é falcatrua: uma armação persecutória, cheia de indignidades. Alguns fizeram tudo para fazer o linchamento moral de Vieira. Conseguiram feri-lo, moralmente, mas nada que o tempo não cure. De quem o agrediu moralmente pouco ou nada restou.

Os professores e intelectuais precisam fazer Vieira mais conhecido pelas novas gerações. Ele faz bem a todos e está fazendo muita falta.

Vieira é sempre um novo tesouro a descobrir. É uma inesgotável fonte de pesquisa.
Queremos que este texto seja um perene convite à leitura da obra deste benemérito escritor e digno homem público. Neste trabalho tentamos entreabrir as cortinas por onde poderemos ter acesso a este autor e à sua obra, naquilo que ele tem de atual, para abrir novos rumos à modernidade.

Falamos aqui de Vieira enquanto personagem presente para sempre em nossa história e na nossa cultura, ainda que muitos ainda o desconheçam. Divulgar a obra de Vieira é também um ato cívico. É divulgar a nossa cultura, é divulgar bem-querença. É aderir à eterna luta pela paz e pela fraternidade.

Vieira, em vida, exercia um grande magnetismo sobre as pessoas. Tinha um carisma extraordinário. Sua mensagem atraia multidões. Foi talvez a primeira grande estrela popular de dimensões mundiais.

Vieira sempre teve e sempre terá uma imensa rede de leitores. Se essa rede fosse mais ampla, o mundo seria melhor para todos.


6. Perseguição, Reconhecimento e Gratidão

Finalmente no séc. XXI, no seu 4° Centenário, Vieira começa a ser conhecido como é, em plenitude, com seus méritos e suas grandes realizações. Muitos pesquisadores vêm se debruçando sobre a sua obra.

Finalmente temos disponíveis os documentos básicos de sua ação, de suas agruras, das perseguições e das farsas em que o enredaram, e de suas obras e vida efetivamente monumental.

Quatrocentos (400) anos foram precisos para podermos começar a olhar o Vieira de frente, sem preconceitos. Nele descobrimos um homem moderno, ágil e versátil, de visão cósmica e holística.
Algumas autoridades da Igreja nem sempre o compreenderam. Por falta de informações, talvez. Ou por injunções adversas e persecutórias. É que sem dúvida, as audácias plenamente evangélicas de Vieira chegaram a causar constrangimento à sua Congregação. As questões “políticas” e as religiosas nem sempre estão em sintonia. A ousadia dos profetas sempre geram contradições. Isto é natural.

Vieira, um homem genial, foi sempre um homem do bem e da paz com justiça. Covardemente perseguido, enfrentando torpes conspirações e deletérias injúrias, difamações e intrigas por alguns, contrabalançadas com imensa admiração e veneração de muitos, foi sempre um homem de pensamento e de ação. Um homem de coragem e dedicação. Nada deteve sua missão.
A brutal perseguição que lhe moveu a Inquisição não o dominou. Apenas o humilhou e até o reanimou. Nunca desconhecia o risco de sua ousadia.

O homem que mais conviveu com Vieira foi seu secretário particular, que o assessorou por mais de 30 (trinta) anos, o Pe. José Soares. Não sabemos se mesmo ele compreendeu Vieira em toda a sua complexidade. O que sabemos é que foi muito dedicado e eficiente.

Esta é a hora de efetivamente resgatar o Vieira total das incompreensões e equívocos dos que ainda hoje o injuriam com as maledicências da Inquisição, e por sua posição política numa peculiar situação, no caso das invasões holandesas. Uma posição estratégica naquele momento.
Revertida à situação, ele continuou lutando com denodo pela unidade e integridade do país.
É sabido que Vieira, um homem de altos talentos, alto saber e sabedoria e um homem de ação, um grande estrategista, passou pela vida vivendo circunstâncias paradoxais: teve dias de glória e dias inglórios; viveu o sucesso e a depressão; viveu a aclamação de Domingo de Ramos, a dor e o constrangimento da Via Sacra, nas mãos da Inquisição, entre Pilatos e a cruz; e viveu a glória do Sábado da Aleluia com a publicação de seus Sermões e com a coroa de louros dourada que recebeu em Roma[i].


7. Um Herói Perseguido e Vencedor

Foi brutal e devastadora a perseguição da Inquisição sobre Vieira. Este teve pouca chance de se defender das sádicas, vazias e até ridículas e cínicas denúncias que recebeu. Teve sua liberdade tolhida. Sofreu um quase esquartejamento moral. Aliás, pouco fez para apagar as falsidades escritas a seu respeito. Tinha mais o que fazer. Defender-se? Outros que o fizessem futuramente. Contava com o bom-senso das futuras gerações que via com esperanças: Vieira foi um mártir legítimo da liberdade e do humanismo e sua fé.

Em parte, a perseguição era por motivos políticos. Os pseudo motivos religiosos eram apenas justificativas para tolher-lhe a ação. As razões ele as denunciou em Roma, onde podia falar e era ouvido e respeitado. O Papa o ouviu e o atendeu, contra as pressões terríveis que sofria para não atendê-lo.

Em outras religiões como em outras nações meritocráticas Vieira seria para todo o sempre, uma pessoa venerável, com direitos a painéis nos templos e nos espaços culturais.
Vieira é um herói do Brasil, de Portugal e da humanidade.

Que a Igreja lhe reconheça o lugar que merece, por seus méritos e por seu heroísmo, ao vencer as adversidades, pela sua dedicação à causa dos deserdados, pela herança cultural inestimável que nos legou e pela sua valentia, nas missões, na política e nas perseguições.

Por tudo o que fez, sem favor, Vieira merece nossa veneração. Vieira é um homem venerável por sua obra e por seu heroísmo. Como Joana D’Arc e como muitos outros heróis da fé e da pátria e por sua luta pela justiça social, Vieira é um mártir.

Um Mártir pelas injúrias e torturas que padeceu e pelos riscos que enfrentou de cabeça erguida; por sua audácia, coragem e dedicação.

Com sua coragem, persistência e humildade, Vieira, sozinho, abalou a toda-poderosa Inquisição. Venceu-a em Roma. Merece respeito e calorosos aplausos e não o silêncio cúmplice das pessoas que deveriam ser solidárias e responsáveis

Apesar da grande projeção da sua obra, Vieira ainda é por demais desconhecido nos tempos atuais, em muitas universidades. Só é estudado sumariamente, em aulas de literatura. Vieira é muito mais que literatura, embora na literatura seja monumental.

Vieira é um grande arsenal de cultura que não podemos desperdiçar, num mundo tão carente de exemplos fortes e convincentes.

Quem tem a oportunidade de conviver com a obra de Vieira tem a obrigação moral de o divulgar e o defender de seus algozes. É questão de justiça e cidadania. Vieira é um imenso tesouro moral que não pode continuar escondido nos escombros das maledicências de alguns.


8. Recuperando a Imagem, Abolindo Preconceitos

Vieira foi sempre um homem aberto ao mundo: Foi o homem do diálogo: diálogo entre pessoas, diálogo intercultural, diálogo inter-religioso e diálogo inter-étnico; diálogo com o passado, com o presente e diálogo com o futuro.

É preciso retomar esse “diálogo” com ele mesmo: o diálogo da vida, para além do tempo e do espaço: a diálogo da modernidade, o diálogo com o nosso tempo, o diálogo com os valores perenes de nossa civilização e diálogo com o passado, com a nossa história de que ele faz parte ativa.

Vieira, como os profetas e como os grandes clássicos, é um homem plenamente atual, por sua vida e por sua obra. É um homem perseguido, por seus atos e intenções mais nobres, mas sempre aplaudido pelo povo, sempre muito respeitado e venerado. Seus paradigmas têm plena atualidade.

De Vieira e de muitos outros profetas de todos os tempos, também falava Jesus, em Mateus 23,34 e37: “Serpentes, raça de víboras (...). Eu vos envio profetas e sábios e escribas. Vós matareis e crucificareis uns e açoitareis outros(...) e os perseguireis de cidade em cidade”. “Jerusalém, Jerusalém! Tu matas os profetas e apedrejas os que te são enviados...”.

Vieira foi um homem que lutou pelos grandes valores cristãos e humanistas: pela justiça, pela liberdade, pela dignidade, pelo amor e pela paz. Lutou pelo alegre convívio das pessoas, num espaço fraternal e descontraído, como um reino celestial instituído entre os mortais, sempre plural.

Foi um homem que teve a competência e a coragem de sonhar e soube lutar por seus sonhos para conseguir realizá-los. Os pigmeus riem com desdém das utopias de Vieira. É que nada entenderam, se julgam muito sabidos e dão vexame.

Está na hora de afastar dele os preconceitos que, desde a Inquisição, prejudicam sua imagem. Está na hora de abolir a Inquisição de nossa visão cultural. Muitos ainda nela se espelham (?!). Alguns não sabem, ou não se deram conta de que a Inquisição é irmã gêmea de todos os fascismos que vicejam em todas as sociedades.

Está na hora de recuperar a imagem de Vieira na sua pureza, nos seus méritos e no seu poder de transformação. A sociedade e a Igreja, todos têm muito a ganhar com isso. Minimamente é uma atitude cristã.

É uma questão de justiça. Justiça póstuma, mas justiça pelo qual tanto lutou.

Está na hora de a Igreja o assumir como um filho predileto que sempre foi, por sua fé, por sua dedicação, por sua lealdade e por seu heroísmo.

Está na hora de a sociedade declarar a obra de Vieira patrimônio cultural do país e da humanidade, na categoria de Patrimônio Imaterial, pelo Iphan, ou algo semelhante. A cidade de Salvador poderia estudar esta hipótese.

Vieira fez mais por sua Igreja e pela humanidade; do que muitos Papas e muitos Cardeais e muitos Bispos juntos. Fez mais por seu país e por seu povo do que muitos presidentes, muitos governadores e muitos intelectuais juntos. No Brasil é considerado um dos 13 (treze) homens que mais fizeram pelo nosso país. Não foi menor a sua ação por Portugal.

Vieira pode ter cometido erros que alguns lhe atribuem, o que colocamos em dúvida. Mas o saldo de seus acertos foi infinitamente superior. Lembremo-nos de que é melhor errar tentando acertar do que omitir-se em silenciosa cumplicidade.

Vieira precisa ser mais divulgado e mais conhecido pelas novas gerações. As pessoas responsáveis precisam assumir mais esta tarefa grande, benemérita e construtiva, para uma sociedade mais justa, mais livre e mais solidária.

Quem assumirá esta tarefa? A resposta é dada na ação. Todos são chamados. Atenda quem puder. Quem convoca é a voz da história que cultua nossas raízes. É a voz da justiça
A recuperação interessa a toda a sociedade civil, por sua arte e por seus feitos e pelos valores que defendeu. Não interessa menos à Igreja de que foi filho generoso e onde ancorou seu gênio e bebeu seu saber. Interessa ao nosso país, ao qual tanto se dedicou e interessa à humanidade da qual foi filho muito especial.



*Professor da Universidade de São Paulo (aposentado) Fundador de Instituições Universitárias Modelares e de Instituições Culturais. Doutor em Lingüística e Semiótica. Autor de Poética Multissemiótica de Fernando Pessoa e de Celebrando Vieira.


[i] Conta-se que a rainha Cristina, da Suécia, coroou Antônio Vieira, com uma coroa de louros dourada, em Roma, na ocasião em que Vieira preferiu o discurso sobre as “Lágrimas de Heráclito”

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Jornada Vieirina em Évora

Jornada Vieirina na Universidade de Évora 30 de Maio de 2008, pelas 10 horas, na sala 131 do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora.

Programa

10 horas - Sessão de Abertura Intervenções:

Magnífico Reitor da Universidade de Évora, Prof. Doutor Jorge Araújo

Presidente da Comissão Organizadora de 2008 Ano Vieirino, Prof. Doutor Manuel Cândido Pimentel

Presidente da Comissão Organizadora da Jornada Vieirina, Profª. Doutora Ana Paula Banza

10h30 - Conferência de abertura

Prof. Doutor Arnaldo do Espírito Santo (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa): "A Clavis Prophetarum, outra face do pensamento do Padre António Vieira"

11h30

Prof.ª Doutora Sara Marques Pereira (Universidade de Évora): "A Universidade de Évora no tempo de Vieira".

12 horas

Prof.ª Doutora Ana Paula Banza (Universidade de Évora): "Fontes e referências eborenses na obra do Padre António Vieira".

12h30

Prof. Doutor Manuel Cândido Pimentel (Universidade Católica Portuguesa em Lisboa): "A meditação filosófica do Padre António Vieira sobre o pranto e o riso".

15 horas

Prof.ª Doutora Teresa Amado (Universidade de Évora): "Palavra e Utopia": a profecia, "O Passado e o Presente"

15h30

Prof.ª Doutora Isabel Almeida (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa): "Ver as vozes: o valor das imagens nos sermões de Vieira".

16 horas

Padre António Vaz Pinto (SJ): "Formação, Acção e Missão, na Vida e Obra do P. António Vieira."

17 horas

Prof.ª Doutora Maria Cristina Pimentel (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa): "Historiadores latinos nos Sermões do Padre António Vieira"

17h30

Prof. Doutor Francisco Ramos (Universidade de Évora): "O Alentejo e António Vieira Ravasco"

18 horas - Conferência de encerramento:

Prof. Doutor Manuel Ferreira Patrício (Universidade de Évora): "Profecia, Escatologia e Utopia na doutrina vieirina do Quinto Império".

18h45 - Encerramento dos trabalhos.

Organização: 2008 Ano Vieirino / Universidade de Évora

Informações e Contactos:Comissão Organizadora da Jornada Vieirina na Universidade de Évora

Departamento de Linguística e Literaturas da Universidade de Évora, Apartado 94, 7002-554 Évora Tel.: 266 759 350/266 759 365 Fax: 266 759 356Email: anabanza@uevora.pt (Prof.ª Ana Paula Banza)

Local: 10:00 Sala 131 do Colégio do Espírito Santo da UE

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Colóquio sobre o Padre António Vieira

O Centro de Estudos Humanísticos da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, em Braga, está a preparar a realização do Colóquio Padre António Vieira, que terá lugar a 7 de Junho.

A iniciativa desta reunião científica, que vai decorrer na Aula Magna da Faculdade de Filosofia, pertence aos docentes Cândido Oliveira Martins, Mário Garcia, S.J., João Amadeu Silva e Luís da Silva Pereira. Esta comissão organizadora afirma estar receptiva a propostas de comunicações, com a duração de 20 minutos, que lhe forem entretanto envia- das, para algumas sessões do colóquio.

No que diz respeito a prazos, o envio de propostas de comunicações deve ser feito até 27 de Abril, devendo os interessados indicar o nome e a instituição a que estão vinculados, bem como o título do trabalho a apresentar e um breve resumo.

Deste modo, os interessados podem enviar as suas propostas de comunicação através do endereço postal da Faculdade de Filosofia, das informações e contactos que constam da página web da Faculdade de Filosofia, ou ainda através do endereço electrónico cmartins@ braga.ucp.pt.
A organização recorda que desde o passado mês de Fevereiro até Fevereiro de 2009 várias universidades e academias, quer de Portugal quer de outros países, assinalam o Ano Vieirino, a pretexto da celebração do IV Centenário do Nascimento do Padre António Vieira.
São conhecidos e apreciados o perfil e a obra marcantes do Padre António Vieira, S.J., como jesuíta e missionário em terras do Brasil; como diplomata itinerante em várias cortes europeias; como pregador e mestre exímio da língua; e como fecundo pensador e profeta do Quinto Império.

A partir do séc. XVII e até à actualidade, constata-se a influência e magistério de Vieira aos mais diversos níveis, sobretudo os leitores de sucessivas gerações. Mau grado a evolução do gosto estético ao longo dos tempos, a leitura de Vieira tem atraído a admiração dos próprios criadores, como homem de acção e de pensamento, mas também como cultor modelar da língua portuguesa.

É sobre a riqueza da figura, da actuação e da obra de Vieira que variadíssimos estudiosos de diferentes países se irão encontrar em variadas reuniões académicas. Ao longo deste Ano Vieirino, terão lugar inúmeras comunicações e conferências, múltiplas publicações, diversas exposições, e outras formas de celebração de uma das figuras maiores da literatura e cultura portuguesas.

(Diário do Minho 01/04/2008)