Os momentos mais importantes da vida do Padre António Vieira (1608-1697) vão ser representados nas Ruínas do Carmo, em Lisboa, no espectáculo "Vieira - O Céu na Terra", que se estreia terça-feira.
"Vieira - O Céu na Terra", da autoria de Miguel Real e Filomena Oliveira, é uma produção do Teatro Nacional D. Maria II inserida nas comemorações do IV centenário do nascimento do religioso e famoso pregador português.
"Em Lisboa, na corte de D. João IV, no Brasil entre os colonos ou entre os índios do sertão, revela-se o homem de plurais actividades - missionário, diplomata, político, orador, profeta, escritor, nacionalista", refere a sinopse de "Vieira - O Céu na Terra".
"É um homem que morre fracassado (as suas profecias não se cumpriram), mas feliz, cheio de esperança. Era um homem de mil projectos, de mil actividades", acrescentou, em declarações à Lusa, o autor do texto.
António Vieira nasceu em Lisboa e aos 6 anos foi viver para o Brasil porque o pai foi destacado para o cargo de escrivão, em Salvador.
Estudou no Colégio dos Jesuítas e juntou-se à Companhia de Jesus, tendo ao longo da sua vida defendido várias causas humanitárias e chegado a ser preso por ordem do Santo Ofício.
A peça "vai fixar três aspectos da obra do padre António Vieira: a sua sede de justiça social - com a defesa dos judeus perseguidos pela Inquisição e dos índios e escravos no Brasil - o aspecto profético (do V Império como união dos povos) e a eloquência da sua oratória", disse Miguel Real.
Filomena Oliveira, o outro elemento desta dupla de autores, trabalhou a encenação e desde logo destacou o "espaço fortíssimo" sugerido pelo director do D. Maria II, Carlos Fragateiro, para este espectáculo - as Ruínas do Carmo.
"A nave central é utilizada para a representação e o público fica lateralmente", explicou a encenadora, acrescentando que se pretende que os espectadores se sintam transpostos para ambientes do século XVII, seja uma igreja de Lisboa ou o sertão brasileiro.
A mudança é feita sobretudo através dos jogos de luz, das cores e das formas, que permitem "uma constante transformação das Ruínas do Carmo", apontou Andrzej Kowalski, responsável pelo espaço cénico e imagem.
Num elenco com 15 actores, a figura do Padre António Vieira será representada por José Henrique Neto enquanto João Lagarto faz de inquisidor.
O espectáculo será apresentado até 16 de Agosto e o Teatro Nacional D. Maria II vai depois apresentá-lo no Brasil, entre Novembro e Dezembro, no âmbito das comemorações dos 200 anos da chegada da família real, disse à Lusa Carlos Fragateiro.
AGÊNCIA LUSA 17.7.08
quinta-feira, 17 de julho de 2008
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