segunda-feira, 28 de julho de 2008

Paulistano vence prémio luso-brasileiro de dramaturgia

In Alagoas em Tempo Real, 28.7.08

A peça The Cachorro Manco show, de autoria do paulistano Fábio Mendes, é a vencedora do 2º Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia Antônio José da Silva, concedido pela Funarte e o Instituto Camões, de Portugal. Além de receber um prêmio de 15 mil euros, o autor terá seu texto editado em livro e encenado no Brasil e em Portugal. O português Armando Nascimento Rosa foi distinguido com Menção Honrosa, por unanimidade, pelo texto Visita na prisão.

Fábio Mendes estreou como roteirista com a peça Um homem chamado Lee e participou da equipe de criação da série de TV Alice (HBO). Cachorro Manco é um monólogo cômico, que ele considera uma "mistura de stand up comedy com sermão". Na trama, um cachorro vira-lata luso-brasileiro conta suas histórias, tentando convencer um novo dono a lhe oferecer um prato de comida e uma noite dentro de sua casa.

O cachorro usa de retórica própria e discorre sobre o amor, sobre sua relação com seus antigos donos (Deus), sobre a língua portuguesa e, acima de tudo sobre a relação entre Brasil e Portugal - explica Mendes, que trabalhou como ator com os dramaturgos Antunes Filho e Gerald Thomas, apresentando-se nos Estados Unidos e na Espanha, e como diretor, no curta-metragem Magenta, de sua autoria.

A comissão julgadora do prêmio elegeu o vencedor por meio da análise de oito textos finalistas, quatro portugueses e quatro brasileiros, em videoconferência realizada no dia 18 de julho de 2008.

O júri foi composto por Carmem Cinyra Gadelha (RJ), pesquisadora teatral; Edwaldo Cafezeiro (RJ), professor da Uni-Rio; Fernando Queiroz (DF), PhD em teatro e performance pela Universidade de Londres e professor da Universidade de Brasília; Pedro Mexia, crítico e poeta (Lisboa); Rui Mendes, ator de teatro, cinema e TV (Lisboa); e Sebastiana Fadda, crítica de teatro, tradutora e mestre em Literaturas Românicas pela Universidade de Lisboa.

Os participantes foram convidados a apresentar trabalhos inspirados na obra de Padre Antônio Vieira, em comemoração ao quarto centenário de nascimento do jesuíta. Nascido em Portugal, Vieira morou grande parte de sua vida no Brasil, onde defendeu os direitos dos indígenas e escreveu sermões que se tornaram referência para o barroco brasileiro. O vencedor Fábio Mendes conta que não teve medo de editar os discursos do padre, nem de tirá-los de seu contexto, e acredita que conseguiu dialogar com "esse que é um dos pilares da Língua Portuguesa". "Nossa língua não é morta!", defende Mendes.

O Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia Antônio José da Silva, promovido pela Funarte e pelo Instituto Camões, de Portugal, tem o objetivo de incentivar a escrita dramática, estimular o aparecimento de novos escritores de língua portuguesa e reforçar a cooperação entre Brasil e Portugal.

domingo, 20 de julho de 2008

Exposição bibliográfica do padre António Vieira

A Presidência do Governo dos Açores vai assinalar os 400 anos do nascimento do padre António Vieira com a organização de uma exposição bibliográfica e de duas conferências sobre a vida e obra do mais celebrado orador português.

Intitulada “Padre António Vieira: O Eco das Palavras”, a mostra relativa ao autor de uma vasta obra especialmente conhecida pelo vigor e lógica dos seus famosos sermões, vai abrir em Outubro, estando patente na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada até Fevereiro de 2008.

Em Novembro, Horta e Angra do Heroísmo recebem duas conferências organizadas pela Centro do Conhecimento dos Açores – “António Vieira, uma coincidência oppositorum da sua vida e da sua escrita” (Aníbal Pinto Castro) e “Vieira e Pessoa” (Yvette Centeno), a 12 e 13, respectivamente.

O padre António Vieira nasceu em Lisboa em 1608 e morreu na Baía em 1697, desenvolvendo uma intensa e polémica intervenção no processo de colonização do Brasil.

JORNAL DIÁRIO 20.7.08

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Morte de António Vieira

No dia 18 de Julho de 1697, morreu o padre António Vieira.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Vida de Vieira representada nas Ruínas do Carmo

Os momentos mais importantes da vida do Padre António Vieira (1608-1697) vão ser representados nas Ruínas do Carmo, em Lisboa, no espectáculo "Vieira - O Céu na Terra", que se estreia terça-feira.

"Vieira - O Céu na Terra", da autoria de Miguel Real e Filomena Oliveira, é uma produção do Teatro Nacional D. Maria II inserida nas comemorações do IV centenário do nascimento do religioso e famoso pregador português.

"Em Lisboa, na corte de D. João IV, no Brasil entre os colonos ou entre os índios do sertão, revela-se o homem de plurais actividades - missionário, diplomata, político, orador, profeta, escritor, nacionalista", refere a sinopse de "Vieira - O Céu na Terra".

"É um homem que morre fracassado (as suas profecias não se cumpriram), mas feliz, cheio de esperança. Era um homem de mil projectos, de mil actividades", acrescentou, em declarações à Lusa, o autor do texto.

António Vieira nasceu em Lisboa e aos 6 anos foi viver para o Brasil porque o pai foi destacado para o cargo de escrivão, em Salvador.

Estudou no Colégio dos Jesuítas e juntou-se à Companhia de Jesus, tendo ao longo da sua vida defendido várias causas humanitárias e chegado a ser preso por ordem do Santo Ofício.

A peça "vai fixar três aspectos da obra do padre António Vieira: a sua sede de justiça social - com a defesa dos judeus perseguidos pela Inquisição e dos índios e escravos no Brasil - o aspecto profético (do V Império como união dos povos) e a eloquência da sua oratória", disse Miguel Real.
Filomena Oliveira, o outro elemento desta dupla de autores, trabalhou a encenação e desde logo destacou o "espaço fortíssimo" sugerido pelo director do D. Maria II, Carlos Fragateiro, para este espectáculo - as Ruínas do Carmo.

"A nave central é utilizada para a representação e o público fica lateralmente", explicou a encenadora, acrescentando que se pretende que os espectadores se sintam transpostos para ambientes do século XVII, seja uma igreja de Lisboa ou o sertão brasileiro.
A mudança é feita sobretudo através dos jogos de luz, das cores e das formas, que permitem "uma constante transformação das Ruínas do Carmo", apontou Andrzej Kowalski, responsável pelo espaço cénico e imagem.

Num elenco com 15 actores, a figura do Padre António Vieira será representada por José Henrique Neto enquanto João Lagarto faz de inquisidor.

O espectáculo será apresentado até 16 de Agosto e o Teatro Nacional D. Maria II vai depois apresentá-lo no Brasil, entre Novembro e Dezembro, no âmbito das comemorações dos 200 anos da chegada da família real, disse à Lusa Carlos Fragateiro.

AGÊNCIA LUSA 17.7.08

domingo, 13 de julho de 2008

Vieira na obra de Inês Pedrosa


Em seu primeiro romance ambientado no Brasil, A Eternidade e o Desejo, (Alfaguara, 185 págs., R$ 29,90), lançado na 6ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a escritora portuguesa Inês Pedrosa presta sua homenagem aos 400 anos do padre Antônio Vieira ao contar o drama de uma historiadora e professora universitária portuguesa. Clara aceita viajar ao Brasil acompanhada de um amigo, Sebastião, e refaz os passos do visionário jesuíta, relembrando uma antiga paixão que a levou à cegueira ao tentar defender um professor da fúria de um marido traído, que atirou em seu amado. Inês, a exemplo de Saramago, usa a cegueira de Clara como metáfora da dificuldade de percepção do real. A perda da visão levaria a uma reflexão sobre as palavras de Vieira a respeito do sentido da eternidade como sinônimo do desejo, tema da conversa de Inês Pedrosa com o Estado, publicada a seguir.
O uso dos sermões de Vieira quase como uma ilustração em A Eternidade e o Desejo parece buscar obsessivamente uma correspondência entre a palavra e a imagem. Você escolheu os sermões pelas imagens que evocam? Era esse seu propósito?
Justamente. Quando li os sermões do padre, não percebi que ele também falava do desejo. Interessei-me no contraste desses sermões com a época contemporânea porque Vieira foi um visionário e perguntei-me como não se conhece nenhuma relação carnal, íntima, sua, sendo ele um homem tão sanguíneo, visceral, pouco identificado com um temperamento contemplativo. O sermão da Nossa Senhora do Ó me deu a resposta para isso: a eternidade e o desejo são a mesma coisa. É uma frase completamente contemporânea, muito pouco barroca, sobretudo considerando que é do século 17. Esse sermão fala dos desejos de uma grávida, mas, como em todos os sermões, também de uma pequena ignomínia terrena que depois extravasa. Cada ignomínia é a ignomínia, cada desejo é desejo. Foi por isso que me apeguei a essa frase que une a eternidade ao desejo.
Vieira também fala dessa contradição que é nossa aspiração pela eternidade e o desejo de que as coisas acabem. Ou temos a consciência de sermos mortais sem desejarmos a eternidade, sendo infelizes, ou o contrário, o que traz a angústia da infelicidade eterna.
Sim. Tive uma educação católica e ainda me lembro dos livros de catequese com imagens do inferno em chamas e demônios picando pessoas de rostos desfigurados, contrastando com a imagem do paraíso, onde tudo eram flores, pessoas encantadas. Eu, que nunca me acostumei a ficar quieta, estava lá a contemplar, morrendo de tédio. Lembro que queria ir para o purgatório, onde, afinal, podia acontecer alguma coisa. Agora, a pequena eternidade que temos em vida basta-me. Agustina Bessa-Luís me confidenciou que não se apega demasiadamente nem às pessoas nem aos gatos. Tinha um gato que ela adorava e, durante uma viagem, ele, inquieto, deixou Agustina irritada. Ela, então, pediu ao marido que parasse o carro e colocou o gato para fora, apesar de todo apego que sentia por ele. Não tenho tantos anos quanto Agustina, mas entro numa fase da vida em que já perdi muitos amigos e vejo-me como o Orlando de Virginia Woolf, viajando pelos séculos sem criar empatia com ninguém, o que tampouco é fascinante. Acho que a eternidade possível é esta de não perder o desejo, o que é muito difícil. No fundo, a eternidade é a manutenção do deslumbramento. Infelizmente, vivemos num mundo globalizado em que se imagina que nada mais possa surpreender.
O padre Vieira é um personagem controvertido também por suas idéias e posições políticas, que o levaram a ser perseguido pela Inquisição. Você acabou de destacar sua vocação visionária, mas é preciso lembrar que seu Quinto Império pode também ser lido como um nostálgico sebastianismo. Você, que é uma mulher engajada, que defende o aborto, o casamento entre homossexuais e apoiou o candidato Manuel Alegre nas últimas eleições, como vê esse lado político de Vieira?
Acho que, se Vieira fosse vivo, ele certamente teria um blog. Ele é mesmo um personagem polêmico. Participei recentemente de um seminário sobre o padre e houve protestos de acadêmicos, escandalizados com as homenagens aos 400 anos de um homem que eles consideram um escravagista, apesar de ter lutado pela independência dos índios. É curioso: ele tinha um lado idealista e outro muito pragmático. Criou a primeira companhia de comércio com o Brasil numa época em que não era possível fazer a exploração econômica do país sem a escravatura. Pode-se criticá-lo, mas ele foi, decididamente, um visionário, tendo, por exemplo, sido um extremo defensor dos judeus.
Voltando ao romance, não haveria uma tendência na literatura portuguesa de abusar da metáfora, o que talvez seja uma herança barroca? Digo isso por conta da cegueira da principal personagem, Clara, cujo nome, aliás, já traduz uma intenção alegórica. Lembro que também Saramago usa igualmente a deficiência visual em Ensaio Sobre a Cegueira como sinônimo de falta de percepção do real.
Acho que talvez tenha mesmo a ver com a tradição barroca. Fala-se muito da poesia, mas acredito que nossas primeiras peças literárias sejam as crônicas de viagem de Fernão Lopes, que tinha uma grande inclinação para a metáfora. O barroco tem a ver com o absolutismo real e, portanto, com um certo medo que atravessou a história de Portugal, um respeito atávico pelo poder, um hábito de transformar as palavras de modo a não ser prejudicado por elas. Talvez seja por isso que me sinto tão tocada pela literatura brasileira. Em Portugal, tratar de sexo pode ser arrepiante, sobretudo se for uma escritora mulher. Maria Teresa Horta, uma poeta cuja obra é centrada na experiência erótica, nunca é convidada para nenhum congresso ou encontro. O ato sexual, de forma geral, em Portugal, nunca é descrito sem recorrer a metáforas. Por outro lado, acho que a metáfora ainda é uma das grandes forças expressivas da língua portuguesa.
Sei que você é uma opositora do acordo ortográfico, por considerar que ele provoca, na verdade, um desacordo, criando uma outra língua. Noto que os escritores portugueses são mais lidos no Brasil que os brasileiros em Portugal. Não há um desequilíbrio aí?
Só para falar de um escritor de quem gosto bastante, Bernardo Carvalho tem sido publicado por várias editoras portuguesas e até o Luiz Ruffato, que tem uma escrita experimental, já foi publicado. Outros grandes autores como Milton Hatoum e Raduan Nassar têm críticas boas nos jornais, mas a crítica já não tem poder, se é que algum dia teve. Digo que, se o dinheiro investido no acordo ortográfico fosse gasto com companhias aéreas para levar os autores brasileiros a Portugal, estou convencida de que seria melhor. Isso vai mudar. Aqui, na Flip, estão dois grandes editores portugueses que não vieram acompanhar seus queridos escritores, mas para farejar autores para futura publicação em coleções dedicadas aos brasileiros.
Você tem outro livro que se passa no Brasil, ainda inédito por aqui, também sobre o padre Vieira. É o livro que relata sua excursão pelo Brasil atrás da trajetória do padre, não?
Sim, chama-se No Coração do Brasil. É o relato dessa viagem que fiz em 2005. Não tinha interesse em produzir um livro sobre a excursão, então resolvi escrever seis cartas de viagem para cada um dos lugares que visitei no Brasil, revelando como os vejo agora e como deveriam ser no tempo dele. Fiquei muito feliz com os comentários de que ele parece escrito no tom do padre Vieira. Portanto, ficou um bocadinho como o século 17.
E, dos autores contemporâneos, quem você considera que levou adiante a mensagem do padre?
Nunca pensei nisso, mas acho que foi Fernando Pessoa, que chamava o padre de ''o imperador da língua''. Manuel Alegre seria também seu herdeiro, mas é um poeta diminuído pela crítica por não estar numa torre de marfim, idéia também que o Lobo Antunes vende, como se ao escritor fosse permitido escrever mas não participar da sociedade. Eu também tenho sido muito criticada por minha atuação política. Acusam-me de autopromoção. Pensando fora de Portugal, lembro do francês Paul Claudel e do Fernando Savater, até porque é alto, barbudo, corajoso e vai fundo em suas críticas que colocam a si e a seus filhos sob ameaça.
Entrevista de António Gonçalves Filho, no Estado de S. Paulo, 13.7.08

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Vieira na "Encyclopaedia Britannica"

António Vieira - Portuguese author and diplomat

born Feb. 6, 1608, Lisbon, Port. died July 18, 1697, Salvador, Braz.

Jesuit missionary, orator, diplomat, and master of classical Portuguese prose who played an active role in both Portuguese and Brazilian history. His sermons, letters, and state papers provide a valuable index to the climate of opinion of the 17th-century world.

Vieira went to Brazil with his parents as a child of six. Educated at the Jesuits’ college in Bahia, he joined the Society of Jesus in 1623 and was ordained in 1635. He soon became the most popular and influential preacher in the colony, and his sermons exhorting the various races to join the Portuguese in arms against the Dutch invaders of Brazil (1630–54) are considered the first expression of the Brazilian national mystique of forming a new race of mixed bloods. In addition to the Tupí-Guaraní tongue, the lingua franca of the Brazilian littoral, Vieira learned a number of local Amazon dialects and the Kimbundu language of the black slaves who had been brought to Brazil from Angola.

Vieira worked among the Indians and black slaves until 1641, when he went with a mission to Portugal to congratulate King John IV on his accession. The king soon fell under the spell of Vieira’s self-assured and magnetic personality and came to regard the tall, lean, dynamic Jesuit as “the greatest man in the world.” The king made him tutor to the infante, court preacher, and a member of the royal council. Vieira’s devotion to the king was such that after John’s death (1656) he formed a fixed idea that the king would return to inaugurate a prophesied golden age of peace and prosperity.

Between 1646 and 1650 Vieira was engaged in diplomatic missions to Holland, France, and Italy. But by his outspoken advocacy for toleration for Jewish converts to Between 1646 and 1650 Vieira was engaged in diplomatic missions to Holland, France, and Italy. But by his outspoken advocacy for toleration for Jewish converts to Christianity in Portugal and because of his willingness to cede Pernambuco to the Dutch as the price of peace, he made enemies in Portugal. By 1652 it had become prudent for him to leave the country for Brazil. His denunciation of slave-owning there resulted in his return to Lisbon in 1654. During his stay in Portugal, he secured decrees protecting the Brazilian Indians from enslavement and creating a monopoly for the Jesuits in the government of the Indians, and he returned triumphantly in 1655. He resumed his apostolic mission in Maranhão and on the Amazon delta, where for six years he traveled widely and laboured energetically before being forced back to Lisbon in 1661. For prophesying the return of John he was condemned by the Inquisition and imprisoned (1665–67).

On his release (1668) he went to Rome, where he succeeded in securing at least temporary toleration for the converted Jews. He remained there for six years, becoming confessor to Queen Christina of Sweden and a member of her literary academy. In 1681 he returned to Bahia, where he remained, a fighter for the freedom of the Indians, until his death at 89.

Vieira is claimed as a literary master by both the Portuguese and the Brazilians. Though his prose style, in its ornateness, Latinisms, and elaborate conceits, is a product of the Old World, his works are of the New World in their emotional freedom, boldness of thought, and advanced attitude of racial tolerance.

Assorted References
Brazilian history ( in Brazil: Royal governors, Jesuits, and slaves ) Portuguese literature ( in Portuguese literature: The 17th century and the Baroque )

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sermão de Vieira por Luis Miguel Cintra


No sábado, 12 de Julho, pelas 18h00, terá lugar o espectáculo "Padre António Vieira - Sermão de Quarta-feira de Cinza", com leitura por Luís Miguel Cintra, nos Claustros do Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, com entrada gratuita.

1672 - Em Roma, na Igreja de S. António dos Portugueses, o Padre António Vieira faz uma profunda reflexão sobre um dos temas mais frequentes da arte barroca: a morte, a efemeridade da vida e as vaidades humanas, como glosa da citação bíblica da Liturgia de quarta-feira de cinzas, na cerimónia de imposição das cinzas: Memento Homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris. (Lembra-te, ó homem de que és pó e ao pó hás-de voltar.) A própria Igreja não escapa à advertência de Vieira: “… homenzinhos miseráveis, loucos, insensatos, não vedes que sois mortais? Não vedes que haveis de acabar amanhã? Não vedes que vos hão-de meter debaixo de uma sepultura, e que de tudo quanto andais afanado, e adquirindo, não haveis de lograr mais que sete pés de terra?” Um dos mais belos e terríveis sermões do Padre António Vieira, um dos melhores exemplos da grande arte oratória portuguesa do século XVII.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Inês Pedrosa lança no Brasil obra com referências de António Vieira

A escritora Inês Pedrosa lança a 8 de Julho no Rio de Janeiro o seu romance "A Eternidade e o Desejo", com a chancela da editora espanhola Alfaguara, fortemente implantada na América Latina, anunciaram hoje as Publicações D.Quixote

O poeta, ensaísta e letrista António Cícero apresentará o livro na Casa do Saber, numa sessão que contará com a presença da autora, convidada a participar na VI Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que decorre entre quarta-feira e domingo.

A Eternidade e o Desejo, editado em Novembro passado em Portugal pela Dom Quixote e que vai já na terceira edição, é o primeiro romance de Inês Pedrosa cuja acção se desenrola no Brasil.

Ao longo da obra, a escritora revisita os lugares percorridos pelo Padre António Vieira, pela mão das personagens Clara e Sebastião - uma ideia surgida durante uma viagem que fez ao Brasil em 2005, a convite do Centro Nacional de Cultura.
Em "O SOL", 1.7.08