domingo, 6 de abril de 2008

Vieira - Um grande mestre a descobrir

POR JOSÉ JORGE PERALTA*

1. Um Patriarca da Lusofonia

Vieira foi um homem admirável pelo caráter, pela coragem e pela energia, pela diversidade e profundidade de seus conhecimentos, pelo amor e dedicação à pátria, ao povo e aos bens espirituais, por sua extraordinária atuação política e diplomática e por suas estimulantes utopias.
Vieira foi um grande Patriarca da Civilização Lusófona, pelo mundo espalhada. Sua força matricial vem da tradição humanística e solidária do povo português que tem sua raiz profunda, nos diversos povos que na Lusitânia viveram e se miscigenaram (celtas, fenícios e visigodos, gregos, árabes, hebreus e romanos). O espírito do cristianismo articulou estas culturas e as temperou.

O povo lusitano foi um povo guerreiro e forte que precisou de muita sabedoria e astúcia para sobreviver e prosperar. Esta foi a força matricial que pelo mundo se espalhou e que Vieira propagou. Este é um quadro de referências necessárias para poder vivenciar toda a força e grandeza que neste homem se manifestou.

Vieira foi um dos maiores homens de toda a história do Brasil e também de Portugal de todos os tempos. Iluminou o século XVII com grande esplendor. Produziu uma obra para sempre, ultrapassando os limites do tempo e do espaço. É um clássico. É um patrimônio da humanidade.
Foi grande como orador vibrante, arrebatador e consistente; foi grande como escritor, como filósofo e como pensador; foi grande como gestor eclesiástico e político; foi grande como conselheiro, como diplomata, como articulador e como estrategista; foi grande como “historiador”, como agente e como observador da história; foi grande teólogo, exegeta e biblista; foi grande nas suas impressionantes e instigantes utopias; foi grande e implacável contra as injustiças sociais e contra toda a discriminação, por motivos étnicos ou de religião; foi um grande escritor e um grande artista; foi o homem da esperança, de pensamento e ação; foi grande humanista na sua luta pelos valores humanos e cristãos, pelos valores éticos e pelos valores espirituais; (foi um defensor dos direitos humanos, defendendo o respeito à dignidade humana dos índios, dos negros e dos brancos espoliados e dos judeus perseguidos); foi um patriota, lutando pela consolidação da independência de seu país e pela manutenção da unidade no Brasil, na guerra contra os invasores estrangeiros; foi um universalista lutando pela harmonia entre os povos e pela paz. Queria um mundo onde todos os povos se confraternizassem; queria o reino de Cristo na terra implantado.

Dizer que Vieira foi um orador monumental, um dos maiores de todos os tempos, embora seja muito, é muito pouco para sua atuação múltipla. Foi muito grande como orador e como escritor, mas foi maior ainda em sua atuação sócio - política e estratégia.

Vieira produziu uma obra múltipla, indispensável no nosso tesouro cultural. Aliou a teoria à prática. Nunca foi um homem de gabinete.

Vieira é mais conhecido por seus magistrais Sermões. Mas sua atuação político - social é ainda de maiores dimensões. Participou de alguns dos mais brilhantes momentos da história do Brasil, de Portugal e do mundo.

Além de todas as grandezas, Vieira é um mestre de nossa estirpe humana e cultural e é um homem universal. É um homem da estirpe dos gigantes. Viveu sempre com os pés firmes no chão ainda quando tratava das coisas do Alto, até mesmo quando se envolvia com suas geniais utopias.
Como Homero, Dante, Camões, Shakespeare, Goethe, Pessoa, Yung e tantos outros homens da elite moral e intelectual, Vieira pertence à humanidade que quis aperfeiçoar, livrando-a das opressões, baixezas e limitações. Todos são patrimônios e reservas morais da humanidade.
Vieira é um Atlas, erguendo o mundo em suas mãos.

Vieira é uma das glórias máximas de nossa língua, de nossa cultura e de nossa nação, no âmbito cultural, político e humanístico. Feliz do povo que tem um homem da estirpe espiritual e sócio-cultural de Vieira.

É um ser humano de extraordinário talento, com uma grande missão. Precisamos escutar suas lições.

É uma glória de seu povo e da humanidade.

2. O Preço da Grandeza

Vieira operou dentro de novos paradigmas de civilização. Atuou num cristianismo dinâmico e comprometido com o bem-comum, criativo, inovador, propositivo, afirmativo, transformador. Foi um homem do Evangelho: um autêntico, adepto do cristismo.

Vieira foi grande lutador pela paz entre os povos, pela justiça, pela liberdade e dignidade das pessoas; foi um grande patriota; foi grande pensador. Foi também um grande sofredor, porque encontrou na vida alguns mesquinhos traiçoeiros e interesseiros que colocaram espinhos no seu caminho, como aliás é de se esperar. Ele mesmo dizia que é mais honroso ter inimigos do que não os ter.

Assumiu o papel de guardião de sua pátria e de seu povo que queria ver livres e altaneiros, unidos na fé, na esperança, na liberdade e na prosperidade.

Pagou caro por suas audácias, mas seguiu até o fim com sua missão. Teve gloriosas vitórias e algumas desilusões, como é de praxe para todos os mortais que se projetam além do trivial.
Vieira foi um Mestre hábil, sagaz e sábio em tudo o que fez. Nunca teve vida fácil, mas foi um homem realizado e sempre autêntico e leal. Seus olhos brilhavam, felizes e confiantes em cada projeto que assumia. Seu sol nunca conheceu o poente.

De tudo o que fez e na vida passou, restou a glória de um imortal.

Os sofrimentos e inquietações que passou, hoje são pérolas que lhe ornam a fronte e brilham nos caminhos por onde passou.

Foi um homem incansável, com dedicação integral e irrestrita à sua missão.

Sabia que tinha uma grande missão na terra. Não fugiu nunca de suas responsabilidades. Nada o impedia. Ninguém conseguiu fazê-lo desistir. Tentaram, mas ele prosseguiu até o fim. Queria o reino de Cristo na terra consumado, onde todos se confraternizassem, com a união de todos e as diferenças de cada um, como irmãos que respeitam o mesmo Deus. Este era o tema básico do seu livro “Clavis Prophetarum”. Queria a paz, bem-estar e prosperidade solidária, para todas as pessoas de boa vontade sem distinção.

Vieira foi, talvez, o primeiro cidadão do mundo. Todos os humanos eram seus irmãos. Este era o lema da “Clavis Prophetarum”, que ficou inacabado


3. O Mestre Máximo de Nosso Idioma

Vieira ergueu um imenso, elevado e imortal monumento a Língua Portuguesa, com seus Sermões, Cartas e outras Obras.

Vieira desenvolveu, em grau sublime, as potencialidades estilísticas, semânticas e rítmicas do seu idioma materno. Explorou suas propriedades expressivas, suas delicadezas, sua força tonitruante, suas energias vitais, seu potencial de comunicação e de expressão, sua poesia. Dominou as mais profundas sutilezas de seu idioma.

A obra de Vieira é um dos mais ricos tesouros de nossa língua.

É um dos pilares centrais de nossa língua, de nossa cultura e de nossa nação, da lusofonia.


4. Monumento à Língua Portuguesa

Se quisermos erguer um monumento à Língua Portuguesa, teremos de colocar, lá no alto, Vieira com seus Sermões na mão e Camões à sua direita, com os Lusíadas, seguidos de uma plêiade de escritores de escol, de grande mérito: os Mestres e Guardiões de nossa língua portuguesa, de nosso pensamento e de nossa cultura.

Entre os escritores de escol estarão, entre muitos outros, os mestres Machado de Assis, Rui Barbosa, Fernando Pessoa, Bernardes, Eça de Queirós, Almeida Garret, Gonçalves Dias, etc, etc. Alguém precisa completar a lista, que pode conter 30 mestres geniais, ou 50, ou 100. Não será fácil fazer tal seleção pelo alto contingente dos candidatos. É possível, mas sem unanimidade, logicamente. O que é essencial é que na lista constem nomes de toda a lusofonia em todos os continentes sediados.

Não foi sem razão que Fernando Pessoa nomeou Vieira como “Imperador da Língua Portuguesa”.

Vieira, ele só é um monumento, pela grandeza de sua obra e de seu caráter, por sua dignidade humana, por sua atuação na transformação social, por seu espírito empreendedor, por sua fé, por sua arte e por suas sublimes ousadias, pela esperança e solidariedade que de sua obra irradiam.
Não queremos abordar aqui o Vieira total. Cada qual busque em Vieira o que mais lhe fala e mais lhe convém. Vieira é inesgotável, como outros luminares que a humanidade produziu, através dos séculos.


5. Gravações a Ouro em Granito

A sociedade ainda não gravou a ouro, em granito, sua gratidão para com este homem tão especial.

O Brasil ainda não lhe fez justiça, à altura de seus méritos. Portugal também não.

Fernando Pessoa procurou fazer-lhe justiça, em diversos escritos. Roma lhe fez alguma justiça pelas mãos da Rainha Cristina da Suécia, ao coroá-lo de louros dourados, após uma conferência magnífica e magistral. Também o Papa Clemente X lhe fez justiça ao libertá-lo da Inquisição. Os cardeais, os bispos, as autoridades e o povo de Roma acorriam a ouvi-lo e aplaudi-lo.
Muitos ainda nem sabem que a farsa da Inquisição foi desmascarada e que ele foi absolvido de todas as acusações... Outros até repetem tais farsas, como se fossem verdadeiras (?!). Não sabem que é falcatrua: uma armação persecutória, cheia de indignidades. Alguns fizeram tudo para fazer o linchamento moral de Vieira. Conseguiram feri-lo, moralmente, mas nada que o tempo não cure. De quem o agrediu moralmente pouco ou nada restou.

Os professores e intelectuais precisam fazer Vieira mais conhecido pelas novas gerações. Ele faz bem a todos e está fazendo muita falta.

Vieira é sempre um novo tesouro a descobrir. É uma inesgotável fonte de pesquisa.
Queremos que este texto seja um perene convite à leitura da obra deste benemérito escritor e digno homem público. Neste trabalho tentamos entreabrir as cortinas por onde poderemos ter acesso a este autor e à sua obra, naquilo que ele tem de atual, para abrir novos rumos à modernidade.

Falamos aqui de Vieira enquanto personagem presente para sempre em nossa história e na nossa cultura, ainda que muitos ainda o desconheçam. Divulgar a obra de Vieira é também um ato cívico. É divulgar a nossa cultura, é divulgar bem-querença. É aderir à eterna luta pela paz e pela fraternidade.

Vieira, em vida, exercia um grande magnetismo sobre as pessoas. Tinha um carisma extraordinário. Sua mensagem atraia multidões. Foi talvez a primeira grande estrela popular de dimensões mundiais.

Vieira sempre teve e sempre terá uma imensa rede de leitores. Se essa rede fosse mais ampla, o mundo seria melhor para todos.


6. Perseguição, Reconhecimento e Gratidão

Finalmente no séc. XXI, no seu 4° Centenário, Vieira começa a ser conhecido como é, em plenitude, com seus méritos e suas grandes realizações. Muitos pesquisadores vêm se debruçando sobre a sua obra.

Finalmente temos disponíveis os documentos básicos de sua ação, de suas agruras, das perseguições e das farsas em que o enredaram, e de suas obras e vida efetivamente monumental.

Quatrocentos (400) anos foram precisos para podermos começar a olhar o Vieira de frente, sem preconceitos. Nele descobrimos um homem moderno, ágil e versátil, de visão cósmica e holística.
Algumas autoridades da Igreja nem sempre o compreenderam. Por falta de informações, talvez. Ou por injunções adversas e persecutórias. É que sem dúvida, as audácias plenamente evangélicas de Vieira chegaram a causar constrangimento à sua Congregação. As questões “políticas” e as religiosas nem sempre estão em sintonia. A ousadia dos profetas sempre geram contradições. Isto é natural.

Vieira, um homem genial, foi sempre um homem do bem e da paz com justiça. Covardemente perseguido, enfrentando torpes conspirações e deletérias injúrias, difamações e intrigas por alguns, contrabalançadas com imensa admiração e veneração de muitos, foi sempre um homem de pensamento e de ação. Um homem de coragem e dedicação. Nada deteve sua missão.
A brutal perseguição que lhe moveu a Inquisição não o dominou. Apenas o humilhou e até o reanimou. Nunca desconhecia o risco de sua ousadia.

O homem que mais conviveu com Vieira foi seu secretário particular, que o assessorou por mais de 30 (trinta) anos, o Pe. José Soares. Não sabemos se mesmo ele compreendeu Vieira em toda a sua complexidade. O que sabemos é que foi muito dedicado e eficiente.

Esta é a hora de efetivamente resgatar o Vieira total das incompreensões e equívocos dos que ainda hoje o injuriam com as maledicências da Inquisição, e por sua posição política numa peculiar situação, no caso das invasões holandesas. Uma posição estratégica naquele momento.
Revertida à situação, ele continuou lutando com denodo pela unidade e integridade do país.
É sabido que Vieira, um homem de altos talentos, alto saber e sabedoria e um homem de ação, um grande estrategista, passou pela vida vivendo circunstâncias paradoxais: teve dias de glória e dias inglórios; viveu o sucesso e a depressão; viveu a aclamação de Domingo de Ramos, a dor e o constrangimento da Via Sacra, nas mãos da Inquisição, entre Pilatos e a cruz; e viveu a glória do Sábado da Aleluia com a publicação de seus Sermões e com a coroa de louros dourada que recebeu em Roma[i].


7. Um Herói Perseguido e Vencedor

Foi brutal e devastadora a perseguição da Inquisição sobre Vieira. Este teve pouca chance de se defender das sádicas, vazias e até ridículas e cínicas denúncias que recebeu. Teve sua liberdade tolhida. Sofreu um quase esquartejamento moral. Aliás, pouco fez para apagar as falsidades escritas a seu respeito. Tinha mais o que fazer. Defender-se? Outros que o fizessem futuramente. Contava com o bom-senso das futuras gerações que via com esperanças: Vieira foi um mártir legítimo da liberdade e do humanismo e sua fé.

Em parte, a perseguição era por motivos políticos. Os pseudo motivos religiosos eram apenas justificativas para tolher-lhe a ação. As razões ele as denunciou em Roma, onde podia falar e era ouvido e respeitado. O Papa o ouviu e o atendeu, contra as pressões terríveis que sofria para não atendê-lo.

Em outras religiões como em outras nações meritocráticas Vieira seria para todo o sempre, uma pessoa venerável, com direitos a painéis nos templos e nos espaços culturais.
Vieira é um herói do Brasil, de Portugal e da humanidade.

Que a Igreja lhe reconheça o lugar que merece, por seus méritos e por seu heroísmo, ao vencer as adversidades, pela sua dedicação à causa dos deserdados, pela herança cultural inestimável que nos legou e pela sua valentia, nas missões, na política e nas perseguições.

Por tudo o que fez, sem favor, Vieira merece nossa veneração. Vieira é um homem venerável por sua obra e por seu heroísmo. Como Joana D’Arc e como muitos outros heróis da fé e da pátria e por sua luta pela justiça social, Vieira é um mártir.

Um Mártir pelas injúrias e torturas que padeceu e pelos riscos que enfrentou de cabeça erguida; por sua audácia, coragem e dedicação.

Com sua coragem, persistência e humildade, Vieira, sozinho, abalou a toda-poderosa Inquisição. Venceu-a em Roma. Merece respeito e calorosos aplausos e não o silêncio cúmplice das pessoas que deveriam ser solidárias e responsáveis

Apesar da grande projeção da sua obra, Vieira ainda é por demais desconhecido nos tempos atuais, em muitas universidades. Só é estudado sumariamente, em aulas de literatura. Vieira é muito mais que literatura, embora na literatura seja monumental.

Vieira é um grande arsenal de cultura que não podemos desperdiçar, num mundo tão carente de exemplos fortes e convincentes.

Quem tem a oportunidade de conviver com a obra de Vieira tem a obrigação moral de o divulgar e o defender de seus algozes. É questão de justiça e cidadania. Vieira é um imenso tesouro moral que não pode continuar escondido nos escombros das maledicências de alguns.


8. Recuperando a Imagem, Abolindo Preconceitos

Vieira foi sempre um homem aberto ao mundo: Foi o homem do diálogo: diálogo entre pessoas, diálogo intercultural, diálogo inter-religioso e diálogo inter-étnico; diálogo com o passado, com o presente e diálogo com o futuro.

É preciso retomar esse “diálogo” com ele mesmo: o diálogo da vida, para além do tempo e do espaço: a diálogo da modernidade, o diálogo com o nosso tempo, o diálogo com os valores perenes de nossa civilização e diálogo com o passado, com a nossa história de que ele faz parte ativa.

Vieira, como os profetas e como os grandes clássicos, é um homem plenamente atual, por sua vida e por sua obra. É um homem perseguido, por seus atos e intenções mais nobres, mas sempre aplaudido pelo povo, sempre muito respeitado e venerado. Seus paradigmas têm plena atualidade.

De Vieira e de muitos outros profetas de todos os tempos, também falava Jesus, em Mateus 23,34 e37: “Serpentes, raça de víboras (...). Eu vos envio profetas e sábios e escribas. Vós matareis e crucificareis uns e açoitareis outros(...) e os perseguireis de cidade em cidade”. “Jerusalém, Jerusalém! Tu matas os profetas e apedrejas os que te são enviados...”.

Vieira foi um homem que lutou pelos grandes valores cristãos e humanistas: pela justiça, pela liberdade, pela dignidade, pelo amor e pela paz. Lutou pelo alegre convívio das pessoas, num espaço fraternal e descontraído, como um reino celestial instituído entre os mortais, sempre plural.

Foi um homem que teve a competência e a coragem de sonhar e soube lutar por seus sonhos para conseguir realizá-los. Os pigmeus riem com desdém das utopias de Vieira. É que nada entenderam, se julgam muito sabidos e dão vexame.

Está na hora de afastar dele os preconceitos que, desde a Inquisição, prejudicam sua imagem. Está na hora de abolir a Inquisição de nossa visão cultural. Muitos ainda nela se espelham (?!). Alguns não sabem, ou não se deram conta de que a Inquisição é irmã gêmea de todos os fascismos que vicejam em todas as sociedades.

Está na hora de recuperar a imagem de Vieira na sua pureza, nos seus méritos e no seu poder de transformação. A sociedade e a Igreja, todos têm muito a ganhar com isso. Minimamente é uma atitude cristã.

É uma questão de justiça. Justiça póstuma, mas justiça pelo qual tanto lutou.

Está na hora de a Igreja o assumir como um filho predileto que sempre foi, por sua fé, por sua dedicação, por sua lealdade e por seu heroísmo.

Está na hora de a sociedade declarar a obra de Vieira patrimônio cultural do país e da humanidade, na categoria de Patrimônio Imaterial, pelo Iphan, ou algo semelhante. A cidade de Salvador poderia estudar esta hipótese.

Vieira fez mais por sua Igreja e pela humanidade; do que muitos Papas e muitos Cardeais e muitos Bispos juntos. Fez mais por seu país e por seu povo do que muitos presidentes, muitos governadores e muitos intelectuais juntos. No Brasil é considerado um dos 13 (treze) homens que mais fizeram pelo nosso país. Não foi menor a sua ação por Portugal.

Vieira pode ter cometido erros que alguns lhe atribuem, o que colocamos em dúvida. Mas o saldo de seus acertos foi infinitamente superior. Lembremo-nos de que é melhor errar tentando acertar do que omitir-se em silenciosa cumplicidade.

Vieira precisa ser mais divulgado e mais conhecido pelas novas gerações. As pessoas responsáveis precisam assumir mais esta tarefa grande, benemérita e construtiva, para uma sociedade mais justa, mais livre e mais solidária.

Quem assumirá esta tarefa? A resposta é dada na ação. Todos são chamados. Atenda quem puder. Quem convoca é a voz da história que cultua nossas raízes. É a voz da justiça
A recuperação interessa a toda a sociedade civil, por sua arte e por seus feitos e pelos valores que defendeu. Não interessa menos à Igreja de que foi filho generoso e onde ancorou seu gênio e bebeu seu saber. Interessa ao nosso país, ao qual tanto se dedicou e interessa à humanidade da qual foi filho muito especial.



*Professor da Universidade de São Paulo (aposentado) Fundador de Instituições Universitárias Modelares e de Instituições Culturais. Doutor em Lingüística e Semiótica. Autor de Poética Multissemiótica de Fernando Pessoa e de Celebrando Vieira.


[i] Conta-se que a rainha Cristina, da Suécia, coroou Antônio Vieira, com uma coroa de louros dourada, em Roma, na ocasião em que Vieira preferiu o discurso sobre as “Lágrimas de Heráclito”

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